historia de luta
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Jardim Nossa Senhora das Graças

Uma historia de luta, organização e abandono

Como em grande parte da Zona Oeste do Rio, a área hoje ocupada pelo bairro Jardim Nossa Senhora das Graças, em Campo Grande, era uma região agrícola, onde os moradores eram trabalhadores rurais que sobreviviam da terra. Na década de 1930 chegaram os grileiros que, na base da força das armas e da repressão, expulsaram muitos agricultores. Nos anos 60, com o crescimento da procura de terrenos urbanos na Zona Oeste, os grileiros resolveram lotear para vender a área. Só pensando em ter mais lucros, o dono da maior parte da terra vendia o mesmo lote para mais de uma pessoa. Esse tipo de negocio também foi muito comum em toda a Zona Oeste e deu origem a muitos loteamentos irregulares. No Jardim Nossa Senhora das Graças isso levou a muitos compradores a se afastarem, e a comunidade ficou durante anos num grande abandono. O Governo não fazia nenhuma obra de calçamento ou saneamento, porque o que existia era somente uma casa aqui, outra a 300 metros ou mais. Foi então que surgiu a ideia de ocuparmos os lotes ainda não vendidos de forma organizada, para resolvermos o problema de moradia de muitas famílias e também como forma de pressionar o Governo a urbanizar o bairro.

 

A ocupação aconteceu no dia 09 de Outubro de 1988, quando cerca de 500 pessoas de forma organizada se instalaram no loteamento abandonado. Logo de inicio começaram as pressões para sairmos da área, mas estávamos bem organizados e resistimos. Nossa organização era assim: em cada quadra os moradores elegiam seus representantes de quadra reunidos formavam o  Conselho de Defesa Popular (CDP), que encaminhava as questões de interesses da comunidade á Assembleia Geral dos Moradores, que era o fórum máximo para decidirmos.

 

Graças a essa organização realizamos assentamentos em outras áreas ociosas dentro da comunidade: Quadra 118, Vibriopolis, 1º de Maio, Manilhão. Mas tínhamos consciência de classe, não lutávamos apenas por nossos interesses imediatos.

Participávamos de outras lutas dos trabalhadores.

Aqui hoje vivemos sob total abandono. Não temos nem o direito de nos deslocarmos para trabalhar já que os ônibus não circulam mais dentro da nossa comunidade. E mesmo quando circulavam era precários e não atendia a demanda de passageiros.